Livro de professora e crítica de arte, Alessandra Simões nos dará brechas sobre o pensamento crítico decolonial nas artes em aula aberta dia 03 de setembro às 19h00
O livro A Virada Decolonial na Arte Brasileira de Alessandra Simões Paiva é uma análise perspicaz sobre a transformação que a arte brasileira vem experimentando ao questionar e desafiar as estruturas coloniais que, por séculos, moldaram a produção artística no país. Paiva examina como a arte contemporânea tem se tornado um campo de resistência e reimaginação, onde narrativas e estéticas afrodiaspóricas e afroindígenas ganham protagonismo, rompendo com as tradições eurocêntricas que historicamente excluíram essas vozes.
A autora nos convida a revisitar a história da arte brasileira através de uma lente decolonial, reconhecendo a necessidade urgente de desconstruir as narrativas que perpetuam a invisibilidade e a marginalização de culturas e identidades não ocidentais. Paiva argumenta que essa virada decolonial não é apenas uma mudança estética, mas um movimento profundo de reposicionamento cultural que procura dar visibilidade às experiências e cosmologias que foram historicamente silenciadas.
Essa discussão está intimamente ligada ao tema da Residência Artística Virtual Compartilhada que será iniciada em setembro, onde os participantes explorarão a teoria das cinco peles do artista austríaco Friedensreich Hundertwasser. As cinco peles — a epiderme, o vestuário, a casa, a identidade social e o meio ecológico — oferecem uma metáfora rica para a compreensão das camadas de identidade e pertencimento que constituem a experiência humana. Ao aplicar essa teoria, os artistas serão convidados a refletir sobre como cada uma dessas "peles" foi afetada ou moldada pelas imposições coloniais e como elas podem ser ressignificadas a partir de uma perspectiva decolonial.
A importância de adotar um olhar renovado sobre a cultura e a arte reside na necessidade de reconhecer e valorizar as contribuições artísticas que emergem das tradições afrodiaspóricas e afroindígenas. Durante muito tempo, a arte brasileira foi dominada por um paradigma que privilegiava as influências europeias, ignorando ou subvalorizando as expressões culturais que não se encaixavam nesse modelo. A residência artística, ao explorar essas novas perspectivas, não apenas desafia essa hegemonia, mas também celebra a diversidade e a riqueza de experiências que foram, por muito tempo, marginalizadas. Neste contexto, a prática artística se torna uma forma de resistência e afirmação cultural. Ao resgatar e recontextualizar tradições e saberes ancestrais, os artistas participantes estarão não só construindo novas narrativas, mas também participando de um movimento maior de recuperação de identidades coletivas e individuais que foram suprimidas pelo processo colonial.
A 4ª Bienal Black, ao acolher os resultados dessa residência, funcionará como um espaço de reafirmação e visibilidade dessas vozes, proporcionando um contraponto necessário à cultura hegemônica que predominou durante séculos. Assim, o livro de Alessandra Simões Paiva se conecta profundamente com os objetivos da Residência Artística Virtual Compartilhada e da próxima Bienal Black, servindo como um guia teórico e reflexivo para os artistas que buscam não apenas questionar, mas transformar o panorama artístico brasileiro a partir de uma perspectiva decolonial. A aula aberta sobre esse cruzamento crítico irá ao ar pelo canal do YouTube da Black Brazil Art, dia 03 de setembro < registre-se aqui
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